domingo, 25 de setembro de 2011

Cavages

As Cavages são um dos lugares míticos da freguesia de Vale de Janeiro. Em tempos não muito idos, era uma espécie de estância de veraneio da aldeia principal e ainda hoje tem alguns atributos invejáveis: clima de terra quente e as águas do Tuela encostadas a terras que noutros tempos produziram muito vinho e azeite. Hoje resiste apenas a família da Tia Durbalina e do Carlos. Uma coisa seria essencial para facilitar a vida das pessoas que ainda aí vivem: o arranjo do caminho que liga Cavages a Vale de Janeiro. Um bocadinho de pressão bem organizada sobre a Câmara, sob a forma de um projecto? Provavelmente. A verdade é que melhorar os acessos às Cavages seria benéfico não só para as pessoas que lá resistem mas para toda a freguesia.

Antigo pombal e, ao fundo, o que resta das casas do Pégolado


Uma história lateral mas curiosa: há uns anos, penso que em 2003, 2004, a Hidrotuela elaborou um projecto para o "Aproveitamento hidroeléctrico de Cavages no rio Tuela". Podem encontrá-lo Aqui. Evidentemente, o impacto ambiental é minimizado e por pouco a mini-hídrica não avançou. E não avançou porque, em Setembro de 2005, o então Secretário de Estado do Ambiente emitiu uma declaração de Impacto Ambiental Negativa. Ufff! Está Aqui

Rio Tuela nas Cavages

domingo, 18 de setembro de 2011

Fim de Festa


Parece que foi ontem.Três semanas depois da Festa, aqui ficam as primeiras fotografias. É todos os anos igual mas a emoção e o entusiasmo que andam no ar são sempre saborosos e únicos. O início das novenas, quando o monte, solitário e deserto ao longo do ano, começa gradualmente a ser tomado pelos peregrinos, traz um “crescendo” de intensidade que culmina no fim-de-semana da Festa. Um certo espírito de fraternidade e optimismo, menos visíveis noutras alturas do ano, vai-se avolumando ao longo da semana. A missa de sábado e a procissão das velas, entrando noite dentro em ambiente luminoso, marcam o ponto culminante de recolhimento e comunhão que antecedem o arraial. É bonito, emocionante e ansiosamente aguardado. Mas pode ser ainda melhor. Mesmo sem grandes investimentos. Apagadas as velas e assente a poeira do arraial, vejamos::

  • primeira coisa evidente: vem muita gente de fora e ainda bem. Mas muitos reclamam porque não têm onde descansar nem comer o farnel. Conclusão: faz falta um parque de merendas e repouso digno desse nome, onde se possa descansar e comer tranquilamente. A localização ideal seria ao abrigo da fraga, no largo onde actualmente é instalado o palco; 
  • assim, o palco teria de ser deslocado para fora do recinto, por exemplo para a zona abaixo da torre de vigia, com benefício de todos e mais espaço;
  • os tendeiros instalam-se desatinadamente e sem controlo onde muito bem lhes apetece: a comissão de festas deveria, como já se faz noutras aldeias, começar por definir precisamente os “talhões” e, em seguida, organizar um leilão entre os feirantes, para evitar a desorganização e o aspecto desleixado daquele local. Dizia com toda a razão o Justino que o homem “dos cacos” (foto junta) se instalou no pior sítio possível, mesmo na curva, onde os carros tinham de fazer grandes malabarismos para curvar; 
O homem dos cacos...
  • a propósito de carros: trânsito fora da Festa! Totalmente! Carrinhas, jeeps, carros. Seriam toleradas as motas e scooters, que apenas poderiam estacionar num local previamente determinado. Deve haver meio de, sem grandes custos e eventualmente contando com uma generosa doação, fazer um parque de estacionamento lá mais para baixo. Os carros que transportem pessoas de idade, doentes, bébés, podem subir para descarregar os passageiros mas em seguida devem descer. Poderia ser organizado um serviço de vai-e-vem com um pequeno autocarro que transportaria as pessoas até lá cima. Uma Festa organizada num monte tem as suas contingências mas isso não é razão para permitir todos os desmandos em termos de trânsito;
  • faltam fontes dignas desse nome, onde as pessoas possam beber ou abastecer-se; 
  • quanto ao bar por baixo do coreto, enfim, nem vale a pena falar...
Mais melhoramentos seriam com certeza necessários, mas os que ficam descritos são absolutamente prioritários. A maior parte das pequenas transformações sugeridas não exige dinheiro, exige organização e algum trabalho. Toda a gente reconhece o mérito dos organizadores da Festa nos últimos anos, mas é necessário saber mobilizar os moradores e as pessoas que vêm de fora ao longo do ano para a necessidade de mudar e melhorar algumas coisas, e não apenas na Festa aliás! A Festa e a aldeia são de todos. Não se pode estar eternamente à espera de apoios de fora, da Câmara ou de outra entidade. Eles são necessários mas, para algum dia esperar obter um financiamento seja de que natureza for, é indispensável elaborar um projecto com princípio, meio e fim. Reunir-se, discutir, pensar, escrever. Pedir uma audiência na Câmara. Entregar o projecto e pedir um prazo de resposta. Porque palavras leva-as o vento. É preciso mostrar espírito de equipa e organização e ser persistente. Além disso, é fácil dizer “ninguém nos ajuda”. Mas quem é que ajuda alguém que não se sabe muito bem o que quer. Anda-se há anos a dizer, cada um para seu lado: é preciso arranjar os caminhos, é preciso arranjar as escadas para a capela, é preciso arranjar o bar, é preciso um parque de merendas, etc, etc. Portanto, se é preciso fazer alguma coisa, tem de se começar por algum lado: organização e trabalho voluntário. Mãos à obra a partir do Carnaval de 2012?