sábado, 25 de dezembro de 2010

Não há aqui...

... vai-se buscar ali, que a há com fartura. Por cá, algum frio e borrões de geada perdida nas sombras.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Procissão Nª Srª da Saúde


Se quiserem ver o vídeo com qualidade superior, carreguem no próprio vídeo, que vos reencaminhará para a página do Youtube. Obrigada

domingo, 29 de agosto de 2010

Festa 2010 - Novena II

Mais fotografias. O estilo "arrastado" de algumas deve-se a velocidades de pose pouco elevadas, dado que o autor decidiu fotografar apenas em "luz disponível", ou seja, sem flash. Algumas almas sensíveis não apreciam o estilo, mas os imperativos da reportagem por vezes prevalecem sobre a estética... A redacção está a ferver meus amigos. Já boto mais algumas... A Mariana está a trabalhar no filme!

Festa 2010 - Novena I

Para os nossos seguidores (atentos e fiéis...), aqui ficam em primeira mão algumas fotos da missa de ontem à noite, 28 de Agosto, que encerrou a novena da festa deste ano. Mesmo sendo feriado "freguesial", a redacção não pára. Edições especiais com novas fotografias ainda hoje! Um pequeno filme será posto em linha dentro em breve.
 

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Bolas e tijolos

Com o frenesim do mundial de futebol, reportagem numa empresa de vão de escada de uma remota cidade do Paquistão. Fabrica 25000 bolas de futebol por dia, 40% mais do que em tempo normal, destinadas sobretudo a ser comercializadas na Europa, a uma média de 25€ cada. As bolas são cosidas à mão por operários com muitos anos de experiência (calma, isto não é um manifesto lamechas contra a exploração do Terceiro Mundo, enfim, talvez um bocadinho, já lá vamos). Cada bola demora entre uma hora e meia e duas horas a ser cosida e rende 70 cêntimos de euro aos operários. Conseguem fazer 5, 6, 7 por dia. Entre 4,50 € e 5€ de salário, portanto. Não se queixam: "É bem pago, trabalhamos sentados e não está muito calor". Lá fora, 38°. (calma, só chegámos a metade da história, agora é que começa a ter piada). Bom, o dono, que também é fresco, assegura perante as câmaras de televisão: "Aqui não trabalham crianças! Isso era antigamente!" (há 6 meses, quando o mundial ainda vinha longe e as TVs ocidentais não iam lá meter o nariz?) É verdade. Lá está a posar para a TV um garboso funcionário de um ministério qualquer, com uma pasta bem grossa mas aparentemente vazia, a certificar a informação, qual representante do Governo Civil nas extracções do Totobola. Que bonito, acabou o trabalho infantil promovido ou pelo menos ocultado pelas multinacionais da bola. Voz off: "as grandes sociedades já não correm o risco de subcontratar a empresas que recorrem a trabalho infantil, com receio de que isso degrade a sua imagem junto dos consumidores" (mas será que alguém deixou de comprar uma bola de futebol por essa Europa fora com escrúpulos desta natureza?). As ONGs ocidentais aplaudem e lá vão de fim-de-semana, indulgentes e convencidas com as juras da Nike e dos outros todos. Agora vem a parte verdadeiramente engraçada: a poucas centenas de metros do vão de escada, uma fábrica de tijolos. Enfim, um terreno árido ladeado de barracões. O trabalho é sobretudo feito no exterior. Lá estão os operários, vergados ao peso e ao calor, a jornadas de 12 horas. O mais velho tem 15 anos. Uma irmã também lá trabalha. Não sei quanto ganha por dia, mas de certeza que não são 4 nem 3 nem 2 euros. Interrogado, responde: o que eu gostava era de trabalhar na fábrica de bolas, mas agora é proibido. Coragem, um dia a Nike começa a vender tijolos e talvez vocês arranjem outro trabalho menos visível.

domingo, 6 de junho de 2010

Abaixo a selecção, o Cristiano Ronaldo e o resto!

Os telejornais da televisão pública têm sido, desde o início do mês de Maio, um caso ainda mais sério de incompetência e falta de qualidade do que habitualmente. Futebol e Fátima têm dominado, desde o título do Benfica à visita do Papa, da desgraçada selecção à reportagem sobre a réplica da basílica de Fátima em Caracas. Quanto à selecção, um desejo forte e sincero: que perca os jogos todos e regresse a casa vencida e vergada. Que corram com o Prof. E com o Madaíl, retrato vivo do país, palavroso, petulante, homenzinho ridículo que se dá ares de sério fazendo voz grossa e franzindo a testa. E que passemos enfim às coisas importantes! E talvez possamos ser um país a sério. Lá mais para diante. Depois de a selecção perder com o Luxemburgo e o Liechtenstein (já faltou mais...). E eu que adoro futebol! E que sou benfiquista. Onde isto chegou!... Sinceramente, odeio este torpor místico/futebolístico em que nos têm mergulhado nos últimos tempos. Quero lá saber se o Pepe recupera, se o Pedro Mendes está aleijado, se joga o Liedson ou o Hugo Almeida! Desejo que percam. Por muitos, de preferência com a Coreia do Norte, que levem 7 do Brasil, que percam já com a Costa do Marfim, 3-0, terapia colectiva, acabou-se o "sonho". Basta! Quero lá saber dos emigrantes na Venezuela que com sangue, suor e pesos vão construir uma réplica da horrível basílica de Fátima. Por favor! Portugal é mais do que isto. Vale mais do que isto. Mas as pessoas vivem num desesperante circuito fechado, como os hamsters na roda. Desligados de si próprios e do mundo, anestesiados e patetas, ligados a uma máquina infernal que os manipula e que eles sabem que os manipula. Mas eles gostam, atoleimados, olhando para a ponta do nariz pensando que é o Cabo da Roca. Agitando bandeirinhas da pátria ou do vaticano, gostando que gostem deles e isso já lhes basta. "Speak english?", "oh! Lisbon, the sun, the food". Na pequena mercearia que é Portugal, está tudo virado do avesso, as coisas inúteis são as mais importantes, o acessório torna-se essencial. E o egoísmo impera. E os desesperantes milionários por interposta pessoa, que adoram vibrar com as histórias um pouco sórdidas e pelo menos desinteressantes do "jogador mais caro do mundo" (mas talvez não o melhor), a "Liga dos milhões" (e não a "Liga dos Campeões"), a "capitalização da bolsa". É uma intoxicação colectiva, uma febre de "dinheirismo" (obrigado Raúl Solnado) alimentada pela RTP, pela SIC, pela TVI, pelos seus repórteres histéricos e incompetentes, pelas suas redacções incultas e de vistas estreitas, imersos até aos olhos num universo de aparência, distorção e alheamento colectivo. E o que é que isto tudo tem a ver com Vale de Janeiro, pergunta alguém? Nada... Mas vejam esta parvoíce na página da TV pública FátimaFutebol. Está tudo explicado. Se é estúpido e escandaloso, tem a ver com toda a gente.

domingo, 23 de maio de 2010

Yes we can!

Não há inevitabilidades e a anunciada "morte" do interior pode ser contrariada! As boas notícias são raras mas vão aparecendo. Aqui está uma, recente, do "Nordeste", sobre uma aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros, Morais.
O que é descrito no artigo tem a ver principalmente com duas coisas: vontade e imaginação. É tudo. São os trunfos destes pequenos "milagres" sociológicos, económicos e culturais. Não se trata de ganhar mundos e fundos nem de atrair turismo de massa mas de motivar as pessoas a fixarem-se, a permanecer nas aldeias, a interessar-se pela vida colectiva, em troca de coisas tão simples como trabalho decentemente recompensado, assistência médica, alguma actividade lúdica e cultural. Vale a pena ler. Carreguem aqui  Aldeia de Morais

sábado, 1 de maio de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Acaba a Páscoa, chega o Sol



Chega ao fim este período de Páscoa gélida e chuvosa. Ontem, domingo de Páscoa, o tempo já esteve um pouco melhor, mas toda a semana foi invernia, chuva, nevoeiro e frio de Dezembro. Mas, como dizia, ontem foi assim, já parecia Primavera. As Boas Festas pascais foram levadas às casas por estes 5 viçosos jovens. Infelizmente, o Sr. Padre Manuel, que já não tem saúde para estas andanças, não pôde acompanhá-los. O ritual repete-se todos os anos, as casas adornam-se, saem as toalhas de linho das gavetas, os copos de pé alto, as amêndoas e o folar. Finda a bênção, retoma a vida normal e ataca-se o cabrito ou o cordeiro, passada que foi a abstinência da Sexta-feira Santa. Pouco depois do almoço, vão-se os visitantes e aldeia esvazia-se de vozes e de agitação. Nós ainda cá estamos por umas horas, apreciando a quietude de uma segunda-feira pós-pascal e ensolarada.

sábado, 6 de março de 2010

O progresso: uma vinha obediente...


Graças ao Reis, ao Tio Humberto e ao Manuel, eis como se apresenta a vinha hoje. Estacas maiores e arame  em duas filas, bem esticado, para a ajudar a crescer... para cima, e não para os lados ou espalhando-se na terra. A técnica é útil para evitar que a planta se desenvolva de forma caótica, espreguiçando-se um pouco à toa (coitada...) e depositando alguns cachos (muitas vezes os maiores e mais pesados) na própria terra, o que leva fatalmente a que se estraguem e não cresçam nem amadureçam como deve ser.


Estes paus mais grossos e inclinados, colocados no início das valeiras, são os suportes do sistema. Reparem no arame bem esticado e tenso graças aos esticadores no alto dos postes.


quarta-feira, 3 de março de 2010

O chefe também recomenda: Neve em Vale de Janeiro

Bem, o chefe não recomenda neve, que é uma coisa chata que se cola aos sapatos e se transforma numa papa lamacenta que se pega às baínhas das calças. Mas é bonito e dá a qualquer sítio um ar mimoso de aldeia da Heidi perdida nos Alpes suiços. Por isso aqui vão duas fotografias que, segundo a fórmula consagrada, mão amiga me fez chegar. São de Dezembro passado, após um pequeno nevão que muito levemente salpicou a aldeia de branco... Obrigado ao João Luciano (a mão amiga) e ao pai, Manuel Mota Vieira, autor das fotos! Penso que o Vasco também tirou algumas fotografias recentemente, que dentro em breve publicarei. Vou agora de pá e picareta procurar no disco rígido.

Hoje o chefe recomenda: Dom Casmurro

Publicado no Brasil em 1899, Dom Casmurro, de Machado de Assis, conta a história rocambolesca e por vezes dramática dos amores e desamores entre Capitu e Bentinho. Entre uma ida forçada para o seminário e um regresso, amizades, ameaças de suicídio e episódios saborosos, é vivamente recomendado na ementa do dia! Uma certa sociedade brasileira de finais do século XIX, retratada com engenho e génio, como ao mesmo tempo e com igual grandeza e ironia fazia o nosso Eça em relação à "choldra"...

terça-feira, 2 de março de 2010

Hoje o chefe recomenda: Raymond Depardon

Tenho uma admiração especial por um fotógrafo e cineasta francês, chamado Raymond Depardon. Filho de camponeses, ou agricultores, se preferirem, já que os pais possuíam uma pequena quinta na região francesa do Rhône. Nasceu em 1942 e iniciou-se muito cedo na fotografia, como aprendiz de um fotógrafo, se não estou em erro em Villefranche-sur-Sâone. Fotografou família e amigos da Ferme du Garet, onde nasceu e à qual dedicou um livro onde incluiu as suas primeiras fotografias e algumas imagens mais recentes, tristes e um pouco desoladas, com a casa, os estábulos e mesmo os campos hoje desertos. Já correu mundo, viu e fotografou guerras e conflitos, tornou-se "urbano" por dever de ofício mas regressa sempre ao mundo que o moldou e que hoje cada vez mais magneticamente o atrai. Sensível, atento, curioso, fotografou e filmou em vários períodos da sua vida o quotidiano das regiões rurais de França, a alma dos sítios, a angústia dos mais velhos, a apreensão de alguns, raros, jovens que se lançam na aventura de uma agricultura redentora e idealizada para quem chega da cidade. São três filmes cheios de silêncios, de ritmos lentos, feitos a passo de gente, com planos frontais e sem artifícios. Magnificamente "fotografados" (claro!), só alguém que conhece e compreende o mundo da terra, paciente mas obstinado, conseguiria transmitir de forma tão subtil esta realidade. "L'Approche", "Le Quotidien" e "La Vie Moderne" acompanham, ao longo de dez anos, a vida de agricultores franceses que vão assistindo impotentes e amargos ao desmoronamento de uma realidade que imaginavam eterna, inscrita na terra e na tradição. Fiquem com um pequeno excerto do último filme (cortesia Amazon.fr)  Profils paysans.
A par dos filmes fez também uma recolha fotográfica que reuniu neste livro. Para concluir e não aborrecer: escreve de forma justa e certeira, num estilo lúcido mas não lamuriento e sem demagogia barata.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um rosto reposto


Em Setembro de 2006, este blog saíu da terra. Literalmente. Tinha feito na Páscoa desse ano uma "reportagem" sobre uma enxertia de vinha, assegurada pelo Manuel Dias. É reconhecido na aldeia como um dos mestres desta arte. Ficaram registadas as mãos, os gestos seguros e precisos. Tanto me concentrei na descrição pormenorizada da operação, que me esqueci do mais evidente: um simples retrato... Desde então, poucas vezes tive oportunidade de corrigir esta falta. É verdade que nos encontramos poucas vezes na aldeia. Sem mais comentários, aqui ficam algumas pobres fotos que tirei na Páscoa de 2009, na garagem/oficina do Reis, que aparece como "artista convidado".

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Memórias de juventude - I




Pastora de rebanhos

Nas décadas de 70 e 80, as férias de verão em Vale de Janeiro eram uma experiência que confirmava a teoria da relatividade de Einstein. Foi naquela aldeia, então isolada no meio do nada, que passei os dias escaldantes de Verão, numa espécie de meditação transcendental, que me transportava para um tempo incerto, futuro e passado, e para um espaço físico e dinâmico onde era preciso andar, andar, andar e andar para arrancar da terra a mais simples batata que serviria de ingrediente para a refeição do meio dia...
Uma das actividades em que ocupei esse tempo de férias foi guardar um “rebanho”, humilde e numericamente composto por ... três cabeças de gado: duas ovelhas e uma cabra!
Algumas vezes, a minha prima Dália - bela jovem alfacinha do bairro da Ajuda, que vinha partir os empedernidos corações dos rapazes da aldeia e arredores - acompanhava-me nas minhas tardes de pastoreio; ocupávamos o tempo com indiscritíveis sessões de jogo do “fito”, interrompidas por frequentes excursões à ameixeira que ficava do outro lado da encosta; nunca mais voltámos a comer raínhas-cláudias tão deliciosas! É claro que os assaltos à ameixiera às seis horas da tarde produziam os devidos efeitos no nosso aparelho gastro-intestinal...
Mas, voltando ao meu rebanho: a cabra chamava-se Lila, era de cor ruça-avermelhada e tinha o grande defeito de não se deixar ordenhar, o que vinha assim confirmar a tese de que ali nada era obtido sem transpirar a valer ... Convencer a Lila a participar com uma simples tigela de leite na cadeia alimentar doméstica era tarefa que só não deixou traumas porque aquele desgaste de energia seria devidamente compensado pelos efémeros queijos frescos  preparados pela minha mãe.
A ordenha tinha de começar por uma demorada sessão de massagem às pendurezas mamárias da Lila, massagem que nem sempre era seguida dos efeitos esperados em termos de produtividade lacticínia; outras vezes, findo todo o esforço físico e já depois de praticamente cheio o recipiente do leite, a Lila dava uma espécie de pinote com uma das patas traseiras e lá se iam embora os queijinhos ... é claro que quando tal acontecia a pobre da cabra tinha direito a uma monumental sova ministrada pela minha própria pessoa mediante recurso a um objecto mais ou menos trabalhado pela mão do homem, de tamanho respeitável, o qual podia variar do “pequeno” estadulho ao comprido “lareiro.
As outras duas cabeças de gado eram uma ovelha e a sua cria. “Têla”, era o nome que o meu pai tinha posto à  pequena ovelhinha.
 Lembro-me de que era total a minha incompetência para o desempenho da actividade pastoril, pois estava constantemente a perder o rebanho. Isso acontecia porque mergulhava profundamente na leitura. Quando deixava de ouvir o barulho das mastigadelas  e das dentadas na tenra rama das giestas temia sempre o pior. Nessas alturas, a Têla era a minha salvação. Bastava chamar por ela para  saber do paradeiro dos três animais e assim averiguar se se encontravam em zona territorial que constituísse ameaça para hortas ou pastagens de  terceiros.
Uma das vezes levei na sacola a História de Carlos Magno e dos Doze Pares de França (Carlos Magno) (livro que pedira emprestado e que devolvi, devidamente restaurado, ao respectivo detentor). De repente,  nessa tarde, despertando das hipnóticas aventuras de Roldão em Roncesvales, chamei pela Têla, mas, em resposta, apenas se fez ouvir o silêncio natural da Santa Paz do Senhor. Dos três cúmplices ovídeos, nem um barulhinho... A Têla decidiu, daquela vez, não responder ao meu insistente chamamento. Foi então que senti a pressão arterial a aumentar, o coração a bater desordenadamente e uma súbita invasão de suores frios ... As minhas suspeitas confirmaram-se:
 - Lá foram as couves da tia Miquelina e os feijões da tia Zulmira!!! Pois claro: qual é o animal que, mesmo sendo dotado de poderosas mandíbulas, come silvas, urtigas, tojos e carqueijas se puder comer à descrição couves frescas e feijões?! O esforço muscular bocal e a qualidade do repasto não têm comparação! Não me recordo se houve ressarcimento de danos, ou se os proprietários lesados terão sequer chegado a saber a quem pertenciam os animais que naquela tarde, em acção aparentemente concertada, haviam perpretado tão sorrateiro ataque às respectivas hortaliças.              
Uma tarde, depois do almoço, saí à rua e deparei com uma cena aterradora: estava a Têla pendurada numa porta de madeira, de cabeça para baixo, pingando grossas gotas de sangue, à espera de ser esfolada, esquarteja e cozinhada,  para finalmente saciar os ávidos estômagos  de quem conseguisse ingerir tão tenra carne! Teve – ovelhinha indefesa – o terrível destino dos cordeiros berberes em tempo de ramadão...
Aquela cena, que frequentemente me vem à memória, constituiu para mim fundamento de rescisão unilateral de contrato de trabalho de pastoreio sazonal. Esse “desemprego técnico” permitiu-me preencher o resto dos dias das minhas férias de verão com proveitosas sessões de leitura, intercaladas com pequenos trabalhos domésticos e iniciações aos labores femininos...  




Helena Nunes
Abraços ao nosso público (especialmente aos nossos três seguidores, Eugénia, Susana e Miguel)
Luxemburo, 11 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Cobertura Internet e de rede móvel no concelho de Vinhais

Notícia antiga mas que não perdeu actualidade: os problemas de acesso à Internet no concelho de Vinhais (o mais grave, já explico porquê) e de cobertura da rede móvel de alguns operadores (Vodafone e TMN). Foi publicada no Jornal "Nordeste" em Maio de 2009. Magalhães não funciona em aldeias de Vinhais

Penso que os problemas de acesso à Internet no concelho de Vinhais se colocam em vários planos, o mais grave dos quais é justamente o salientado nesta notícia do Jornal "Nordeste": o acesso nas escolas. O concelho de Vinhais perde população todos os anos (sim, acho que também estes factores contam, como indicadores que são de um certo desenvolvimento, ou da falta dele) e a falta de integração dos jovens e das escolas que frequentam numa sociedade cada vez mais interdependente e interrelacionada constituem elementos que, somados a todos os outros que já existem, acabam por afastar e excluir as pessoas (os mais jovens, assim que têm essa possibilidade) e para tornar ainda mais periféricas regiões como esta, já de si tão afastadas dos centros de decisão e poder (informação também é poder, mas poder no sentido de capacidade de participação dos cidadãos na vida colectiva de um país). Por isso, seria importante a disponibilização de um acesso rápido, seguro e universal à Internet, para os jovens mas também para a população das aldeias, muitas vezes equipada em hardware (as máquinas, computadores fixos ou portáteis) mas que, para aceder à rede, continua a ter de recorrer às placas USB dos operadores de telemóvel, caras e nem sempre eficazes, ou à lentérrima ligação através da linha telefónica. Atrevo-me a dizer que, hoje em dia, a disponibilização de acesso à Internet constitui um serviço público, da mesma forma que os transportes, o telefone, a distribuição de correio ou a ligação à rede eléctrica. É um entre vários factores de progresso e de convergência, conceito agora tão na moda... São como as estradas asfaltadas: ajudam a combater o isolamento e podem contribuir para, mesmo numa ínfima proporção, fixar população que, se tudo se conjuga para lhe dificultar a vida, baixa os braços e só sonha em procurar paragens à primeira vista mais amenas. Aliás, nem sequer é necessário sair de Trás-os-Montes para encontrarmos aldeias com cobertura total de Internet sem fios gratuita, disponibilizada pelas Juntas de Freguesia. Exemplos? Murçós, Lamalonga, Castro Roupal, Arcas, Chacim, Carrapatas, Lagoa, etc, etc. Característica comum? Todas no concelho de Bragança, nem uma no concelho de Vinhais! Aqui fica então um apelo à Câmara, que deve assumir cabalmente o seu papel de locomotiva de progresso, mas também às Juntas de Freguesia, para pelo menos se unirem, estudarem parcerias, sondarem o mercado, a fim de disponibilizar aos cidadãos uma pequena ferramenta de progresso e integração. Serviço público, enfim...

Isto para não falar da falta de cobetura de rede móvel nas aldeias turísticas do Parque de Montesinho...

Quanto ao acesso a certas redes de telemóvel, é um problema bem menos grave, porque pelo menos um dos operadores tem uma cobertura relativamente boa (a Optimus, que aproveita dessa forma para viver no concelho de Vinhais em doce monopólio...), mas que também deveria merecer alguma atenção, quanto mais não seja por razões de concorrência entre os operadores.