sábado, 26 de setembro de 2009

Como tudo começou - Parte I

Se calhar, era por aqui que este blog devia ter começado, ou seja, pela História de Vale de Janeiro. Enfim, não há erro que não possa ser reparado e aqui fica então corrigida a incorrecção cronológica.

As fontes são pouco numerosas e, valha a verdade, nem sempre muito coerentes. Por isso, vamos lá tentar dar um pouco de ordem àquilo que se foi descobrindo...

Vale de Janeiro é freguesia do concelho e comarca de Vinhais e do distrito e diocese de Bragança.

Em tempos que remontam à formação da nacionalidade, Vale de Janeiro já administrava um vasto território que se estendia desde o antigo concelho de Monforte até ao de Bragança. Foi sede de Tenência (quando um nobre detinha uma fortaleza em nome do Rei; era uma das três divisões do feudo, de uso dos servos para a sua agricultura de subsistência), mesmo antes de Vinhais. Segundo o jornal “O Primeiro de Janeiro” de 14 de Setembro de 2006, nesses tempos daqui saíam as ordens até Terras de Monforte (Chaves) e Bragança. Por isso mesmo, esta localidade foi uma das mais importantes desta região. A verdade, porém, é que a situação geográfica do castelo do Terra Tenente se veio a revelar bastante precária e vulnerável para a função de domínio e gestão, pois localizava‑se no extremo sudoeste da circunscrição. Pensa‑se que por este motivo os primeiros Reis (D. Sancho I?) tenham decidido incentivar o povoamento de outra localidade, conhecida por S. Facundo de Crespos (Vinhais), muito mais central e, do ponto de vista militar, melhor posicionada para a defesa da fronteira. Mais tarde, no reinado de D. Sancho II, foi construído um castelo, à volta do qual se foram concentrando não só casas de habitação mas também algumas actividades comerciais e pequenos mesteres, dando à povoação, graças à sua situação estratégica e ao seu crescimento como urbe, uma importância e uma supremacia que se foram afirmando ao longo dos tempos. Em consequência, a antiga sede de Tenência de Vale de Janeiro acabou por ser transferida para Vinhais...

Deixo‑vos agora com um saboroso texto do notável investigador Augusto Pinho Leal, extraído da obra esquecida mas preciosa (atenção...) “Portugal antigo e moderno, diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal e grande número de aldeias”, datada de 1873 (obra colossal editada em 18 volumes, 16 dos quais em vida do autor. Dele, autor, e dela, obra, falarei num próximo artigo).

“A Igreja Matriz de Vale de Janeiro está em um outeiro cercado de vinhas. É um templo notável pela sua forma, semelhante ao da Flor da Rosa, parecendo mais um forte castelo que uma igreja cristã. Fica a um quilómetro de distância do povoado, em sítio de fácil defesa, porque a maior parte do monte é cortado quase perpendicularmente. É mesmo muito provável que no seu princípio fosse uma fortaleza, construída pelo povo, para se defender das entradas dos mouros e tanto que à padroeira se dá vulgarmente o nome de Nossa Senhora do Castelo. É uma construção antiquíssima e certamente anterior à Monarquia. Segundo a tradição, os cristãos construíram aqui num castelo, com uma ermida dedicada a Santa Maria Maior e, quando em 1250 os mouros foram expulsos para sempre de Portugal (sic), foi a capela demolida e toda a fortaleza transformada em igreja, dedicada à mesma padroeira (...). Neste outeiro despenhado e fragoso existiu um formidável castro, onde se deviam ter exercido cultos pagãos, ao depois substituídos por devoções cristãs (à Virgem Maria, pelo menos), que levariam à erecção de uma ermida em épocas remotíssimas (...). Castelo se chamou a este forte morro e assim ficou no título de Santa Maria do Castelo (depois Santa Maria Maior). O lugar e antiga freguesia de Nozedo era mesmo chamado em 1258 “de sub-Castelo”, isto é, abaixo do castelo”.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mais um regresso ao passado

No Verão de 94, a Tia Leontina e o Tio Tomé voltaram a Portugal. Boa disposição, descanso, grandes repastos. Lembro-me da Tia Leontina, incapaz de resistir à tentação, a dizer entre gargalhadas: "Oh! Teresa, querida, mas eu não posso comer mais isso ainda... Já viu como é que eu vou ficar?" Aqui ficam algumas das poucas fotografias tiradas na altura. Poucas porque, "naquele tempo" da fotografia analógica, em que as fotos ficavam registadas em filme (oh! que magia, física e química!), forçosamente pensava-se duas vezes antes de carregar no botão...



A Mariana tinha quase cinco anos e gostava mais de ficar nas fotografias do que agora... Aqui fica um exemplo.



domingo, 20 de setembro de 2009

Aquele querido mês de Agosto

Agosto de 2006, a Festa de Nossa Senhora da Saúde fica para a história. Houve de tudo: a visita de família que há muito não visitava a aldeia, (não é verdade Dália e Sérgio?) música da boa, bailarico, pó, bifanas, muitos copos e porrada! A sério, parece que foi por causa de uma mota! Os de V. Janeiro contra os do Brito, uma espécie de Benfica-Sporting, um clássico, festa sem pancadaria não é festa nem é nada! "Oh primos do Brito, vós tendes razão na vossa causa, mas não vos engarrais!" clamava alguém em cima do palco. Obedientes, desengarraram-se e lançaram-se numa correria louca, ziguezagueando desabaladamente entre a multidão excitada e arrancando gritinhos assustados a alguns bailadores desatentos. Ainda hoje ninguém sabe (a começar pelos intervenientes) de quem era a mota, se acabou por ser recuperada ou até, para dizer a verdade, se havia sequer uma mota metida ao barulho... Quem não se lembra? Estas fotografias andavam perdidas há uns anos. Na primeira, o Albano e o Sérgio, a Dália e a Maria Augusta enquadram o Tio Aristides, naquele dia particularmente inspirado. Em primeiro plano as primas Joana e Mariana.
Na foto do meio, além dos acima nomeados, o vosso blogueiro!



Todas estas fotos (estas tiradas com a máquina da Joana, faltava dizer!) e mais algumas, aqui


Plantas medicinais e qualidade de vida

Ora aqui está uma notícia que tem quase tudo a ver com as teorias do grande economista americano Joseph Stiglitz (Prémio Nobel da Economia em 2001) sobre os índices de bem-estar, qualidade de vida, felicidade e outros tantos que não são tomados em conta nos cálculos do progresso económico (mas deviam...) de um país ou região. Quem já se "curou" com chá de Agrimónia sabe que o Guronsan não passa de um réles substituto... Voltarei ao tema um dia destes. Por agora, fiquem com a entrevista da Tia Noémia ao Jornal "Nordeste".
Entrevista Nordeste

sábado, 19 de setembro de 2009

Ida e volta a S. Paulo com o Brunno


(Este post é inteiramente dedicado ao Brunno Maceno)

"O Brasil afinal está dentro de uma caixinha, chamada computador.

Faz alguns dias, recebi na minha caixa do correio um e-mail enviado por um tal Brunno Maceno, pedindo-me para ler com atenção pois era um assunto muito importante!!
Quem será?
Bom, indo por atalhos, porque a história seria longa (mas certamente interessante), o Brunno também tem raízes em Vale de Janeiro, ou seja, é neto de um originário da aldeia, há muitos anos emigrado para o Brasil e (infelizmente) já falecido.
E-mail para cá, e-mail para lá, então não é que o Brunno conhecia a Tia Leontina? Dali para a frente foi um corropio de emoções e de telefonemas entre primas, cunhadas, tias, sobrinhas...pronto, lá temos de ir ao Brasil ...só a caixinha do computador parece que não chega...

O culpado é o Brunno..." 

O seu a seu dono. O post que acabaram de ler é todo ele da autoria da Lena e, além de muito bem escrito e curtinho, é uma pequena homenagem ao primo Brunno Maceno de São Paulo, primo não muito afastado e jovem efervescente que há um mês descobriu uma família do outro lado mar, quase como o Cabral há quinhentos e poucos anos chegou ao Brasil: por acaso e não fazendo ideia do que iria encontrar. Só que em vez de nos chegar numa caravela, sujeito a apanhar escorbuto, o Brunno entrou-nos em casa através dos cabos fininhos da ligação à Internet... Com o mail que me enviou há umas semanas (com um título que fazia pensar em "spam"... - cuidado aí "minino", com esses títulos...), conseguiu várias coisas: que este blogue renascesse das cinzas, que se reavivassem recordações antigas e saborosas de Verões na aldeia, há mais de 15 anos, com os "tios brasileiros", como eram resumida mas carinhosamente conhecidos e, finalmente, que começássemos de novo a pensar seriamente em ir enfim ao Brasil, visitar e abraçar este ramo longínquo da numerosa prole dos Alves... Nem que seja numa caravela, se for esse o único meio!

Aqui têm uma pequena amostra do ambiente à volta da mesa nos distantes meses de Agosto de 1991 e 1994. Na primeira foto, em cima, todos se reconhecem? Não? Então eu explico: Da esq. para a dta.: Tia Leontina, Tio Tomé, Tio Zé Martins, Chana (Tia ou Tio só a partir de uma certa idade...), Tia Alzira, Tia Nair, Tio Euclides, Tia Teresa e Lena (também ainda não tinha idade para ser "Tia"...).








Nesta última foto, a Lena, a Tia Leontina e o Tio Tomé.